A história das Festas d’Agonia: como tudo começou
As Festas d’Agonia são um dos eventos mais emblemáticos de Portugal e uma expressão única da identidade cultural de Viana do Castelo e da região do Minho. Estas celebrações, que combinam fé, tradição e alegria, têm uma história rica que remonta ao século XVIII. Neste artigo, exploramos as origens e a evolução desta romaria icónica, que hoje atrai milhares de visitantes todos os anos.
As origens religiosas
A devoção a Nossa Senhora da Agonia nasceu da ligação profunda entre a comunidade de pescadores de Viana do Castelo e o mar. Temerosos dos perigos que enfrentavam nas suas jornadas, os homens do mar procuravam a proteção divina para regressarem em segurança. Em 1744, foi criada a Confraria de Nossa Senhora da Agonia, que viria a ser o alicerce das celebrações religiosas dedicadas à padroeira dos pescadores.
A construção da Capela de Nossa Senhora da Agonia, em 1751, marcou um ponto de viragem. Este pequeno templo tornou-se o epicentro das romarias e procissões que, ao longo dos séculos, evoluíram para as festas que conhecemos hoje. O primeiro registo documentado de uma procissão em honra de Nossa Senhora data de 1783, dando início a uma tradição que perdura até aos dias de hoje.
A evolução das celebrações
Inicialmente, as Festas d’Agonia eram estritamente religiosas, limitando-se às procissões e missas solenes. Contudo, com o passar do tempo, as celebrações expandiram-se para incluir elementos culturais e populares, refletindo a riqueza da tradição minhota. No século XIX, os tapetes florais começaram a decorar as ruas de Viana do Castelo, criando um espetáculo visual que complementa a procissão solene. Estes tapetes, feitos com flores, serradura e outros materiais naturais, são hoje um dos maiores atrativos das festas.
Outro elemento que se destacou foi a procissão ao mar e ao rio, introduzida no final do século XVIII. Durante este evento, a imagem de Nossa Senhora da Agonia é levada em barcos de pesca ricamente decorados, numa cerimônia que simboliza a bênção das águas e dos homens do mar. Este momento é hoje um dos mais emocionantes e aguardados das festas.
A integração da cultura popular
A transição das festas para um evento que combina fé e cultura popular consolidou-se no século XX. A festa do traje, introduzida em meados do século, é um dos melhores exemplos desta integração. Neste evento, mulheres envergando os tradicionais Trajes à Vianesa desfilam pelas ruas, exibindo a riqueza dos bordados e do ouro típico da região.
Além disso, a música tradicional ganhou protagonismo, com os Zés-Pereiras, as concertinas e os festivais de folclore a animarem as celebrações. Estes elementos trouxeram uma dimensão festiva única, tornando as Festas d’Agonia um evento para todas as idades e gostos.
Reconhecimento e internacionalização
Durante o século XX, as Festas d’Agonia ganharam projeção nacional e internacional. Tornaram-se um ponto de encontro para a diáspora portuguesa, especialmente para os minhotos espalhados pelo mundo. Hoje, estas festas são um verdadeiro patrimônio cultural de Viana do Castelo, atraindo milhares de visitantes e destacando-se como um dos maiores eventos do norte de Portugal.
Em 2013, as Festas d’Agonia foram reconhecidas como Patrimônio Cultural Imaterial de Interesse Municipal, reforçando a importância de preservar e promover esta tradição.
A magia das Festas d’Agonia
Hoje, as Festas d’Agonia são uma celebração vibrante que une fé, tradição e modernidade. Desde as procissões emocionantes até aos espetáculos de música e fogo de artifício, cada momento reflete a alma de Viana do Castelo. Mais do que um evento, estas festas são uma experiência inesquecível para quem as vive.
Descobre mais sobre os elementos que compõem estas festas icónicas, como os Tapetes florais: arte efémera que encanta Viana ou os Trajes à Vianesa: símbolo de elegância e identidade.